terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sobre a decadência


...estilhaçado o mais fino cristal, os convivas trataram logo de achar um culpado: era a empregada, que não aparecia pra limpar.

Seguiu-se o baile; mas agora, perdido o pudor inicial, os festantes jogavam vinho nas cortinas de seda, falavam em alto som, vomitavam sobre os tapetes de peles e transavam em pé sobre as mesas de vime.

(Séculos depois, contariam os livros, a decadência seria culpa da empregada.)

W.

W. se considera escritor de sucesso no além-mar, embora nem ele nem seus livros conheçam algo mais oriental que o litoral gaúcho.
Tem um prêmio Jabuti na estante de casa, mas teme que Silvério, o presunçoso genro policial, descubra que a peça foi parar lá.
Também tem um fusca '81 que lhe é motivo de desgosto: é que o corpo de sua sogra, segundo cálculo feitos e refeitos cuidadosamente ao longo dos anos, não caberia no portamalas...

W., o pocilialesco escritor de romances pornográficos.

On The Sunny Side Of The Street

“Vamos atravessar pro lado ensolarado da rua!”, disse Lili. E eu, absorto em pensamentos mil, assenti. Não percebi que tudo o que ela queria era barganhar um sorvete.

Começo a pensar que todas as crianças do mundo têm sociedade com os vendedores de sorvete...