Eu tenho medo do que se passa na cabeça de David Lynch, diretor de cinema que apresenta uma mórbida predileção por figuras estranhas e bizarras. *
Depois do enigmático - e pungente, tocante, nojento, inesquecível e incompreensível - Eraserhead, o diretor voltou à carga com O Homem-Elefante, história (real) de um homem com deformações físicas.
Não vou aqui lhes contar a história, mas tenho que admitir que a cena em que o personagem monstrengo reage à curiosidade opressiva com gritos de "Eu não sou um animal, eu sou humano, eu sou um homem!" calou fundo na minha cabeça.
O curioso é que há quem se submeta voluntariamente à subcondição de animal em exposição, a exemplo das celebridades, psicóticos enamorados e servidores comissionados (?).
É aqui que eu lembro de algo que li em Dostoiévksi: "Um homem sem orgulho próprio tende a ser aniquilado".
É aqui que eu lembro de algo que li em Dostoiévksi: "Um homem sem orgulho próprio tende a ser aniquilado".
(Pausa para meditação.)
* Para ser justo, 19 anos depois David Lynch filmou o belo Uma História Real, em que um velho teimoso atravessa um estado estadunidense a bordo de um cortador de grama, tudo para se reconciliar com seu irmão doente.