quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A Historieta

A historieta
Que vou contar
Não tem início nem meio:
é como o parente desconhecido, que só aparece quando morre.
Pois bem.
A historieta
Que vou contar
- um momento: bate à porta a velha usurária;
simulo, quieto, a minha própria ausência.
Foi-se a velha.
A historieta
--- bleeeeeeeeeeeeeeemmmmmm! ---
É o gato cego e manco, que teima em invadir a cozinha pela janela e por sobre as panelas; esqueceu-se, já velho, que é da casa...
A historieta
Tem contornos de romance russo e novela mexicana:
Não porque a mocinha de origem humilde ostenta uma barba métrica, mas por motivos de menor interesse.
(Ajeito a minha poltrona, que o gato espreme-se sob a minha lombar.)
Sem falsa modéstia, é uma estória digna de prêmios, adianto.
Pois bem.
Lá vai.
Fomos todos, naquela tarde ensangüentada, ao casamento do gago com a tautologia, que por um átimo trocou o nome de sua quase esposa – sim, quase, pois ela se escafedeu pelo ocorrido, não sem antes defenestrar o quase esposo -, um equívoco lastimável mas finalmente compreendido pela ainda noiva, que só se espantou mesmo quando todos os convidados opuseram-se ao casório: é que o noivo era escritor nas horas vagas... e dos bem ruins!

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